Clã João Paulo II: novembro 2011

Nos passados dias 28,29 e 30 de Outubro, vários elementos deste clã participaram num evento por nós mesmo organizado: Uma ida a Roma.

Aqui fica um pouco da história, das aventuras e desventuras, aquilo que aprendemos e aquilo que queremos continuar a aprender.

"Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planear, mas também acreditar."
(Anatole France)

A conquista foi difícil, agimos, empenhamo-nos em numerosas actividades onde pudéssemos não só mostrar todas as nossas capacidades de equipa como também angariar algum dinheiro que nos pudesse amparar na conquista de um sonho, um sonho ambicioso de facto, e muitas vezes sentido e pensado como “louca imaginação”, como uma impossibilidade, um projecto possivelmente falhado. Mas somos um clã, somos O CLÃ 113, e depois de um ano forte como este, temos já em mente que de tudo somos capazes. E assim foi, da impossibilidade, ao desejo ao sonho e à concretização foi um passo, um largo e resistente passo. E o grande dia chegou finalmente !

No dia 29 de Outubro cada um ficou a cargo do seu próprio transporte para o aeroporto, quando lá chegamos deparámo-nos com uma fila enorme o que levou muitos de nós a pensar “ Quem é que vai ficar em Terra ?”, mas não, parece mentira, mas todos fomos pontuais. Uns apitaram por causa dos aparelhos, outros pareciam muito nervosos, outros só queriam que a comida passasse

e um senhor a dada altura resolveu insultar o Dumbo confundindo o cachecol dos caminheiros com o cachecol do Benfica … Mas o Dumbo manteve-se calmo perante tal insulto. Já no avião, a Sofia Teixeira estava em êxtase total, houve quem lhe dedicasse uma música, mas não sabemos se ela se apercebeu tal era a sua folia. As nossas “ escravas” pioneiras apresentaram o tão aguardado crachá, mas para que não fiquem muito convencidas vamos mentir um bocadinho e dizer que estava aceitável … Quando formos a Nova Iorque ou à Tailândia esperamos um crachá TOP dos TOP, verdadeiramente “Tchanan”.

Durante a viagem falou-se de muita coisa diferente, a certa altura alguém houve o Zé e mais alguns comentarem sobre as hospedeiras e as tripulantes e diz o Zé “ A chinesa era bonita, mas a filha parece uma macaquinha “. Não estávamos a conseguir tentar fazer um Cristo com uma corda, quer dizer alguém lhe conseguiu fazer no máximo as suas partes íntimas, tarefa que foi salva pela Vânia pioneira.

Chegados a Piza, uns tratavam de fazer comentários sobre a viagem de avião, para muitos a primeira experiência, e outros tratavam já de pegar no mapa e procurar a Estação. Não nos

perdemos graças ao Tiago Jesus, que a partir desta viagem ficou nomeado como “Rafaello”. Chegados à estação que nunca nenhum de nós esquecerá, ficou a dúvida: ir ou não ir dar uma espreitadela à torre de Piza? Aventura é aventura, e lá fomos nós super apressados sem sequer ter tempo para olhar para o relógio; uns conseguiram chegar-lhe perto outros que ficaram mais para trás já não tiveram essa oportunidade, foi o verdadeiro “ir num pé e vir noutro”.

Quando voltamos à estação afinal pudemos respirar e recuperar da verdadeira corrida já que o comboio estava com uns minutos de atraso. À chegada do comboio o primeiro impacto foi no mínimo estranho : à nossa frente estava um homem para entrar nesse mesmo comboio com uma garrafa de uísque no bolso de trás já meia bebida. Mas como dito, foi apenas o primeiro impacto, os seguintes foram todos tão ou mais negativos e estranhos quanto este. O comboio estava aquilo a que dias mais tarde o Bilinho diria “tá tcheio”, bem queríamos entrar, mas não sabíamos como e ouvíamos apenas o revisor a dizer “ acama, acama” Acama como? Para onde? E alguns começaram a sentir borboletas no estômago, “algum” receio. Era o corredor mais estreito alguma vez visto, ainda por cima alguns de nós tiveram a grotesca oportunidade de olhar para dentro de uma camarata e ver um cão sentadinho num cómodo lugar e nós de pé. Havia gente deitada no chão, como se aquele corredor fosse espaçoso para tal, gente a dormir em cima dos locais supostamente próprios para as malas, e outros bem nos pareciam estar a ligar para meninas. Até que chegou finalmente a hora do revisor mandar levantar os muitos que não tinham pago bilhete e que estavam a ocupar o nosso lugar, inclusive o chique cachorro. E foi aí que sentimos a sensação do que seria ser comido por outros seres humanos raivosos. A Sofia Teixeira, o Carlos e o Bílio não tiveram tanta sorte quanto nós e cingiram-se a um banquinho miserável, naquele que não me canso de dizer estreito e muito estranho corredor, banco que partilharam à vez durante 3 horas. Convém aqui ficar realçado, que nenhum dos que estavam dentro das camaratas sabiam desta situação senão é óbvio que mais ou menos apertados caberiam sempre! Ainda a Helena e a Susana diziam em Piza que queriam mudar de roupa no comboio. Ninguém se atrevia sequer a falar muito alto quanto mais trocar de roupa, se bem que a corajosa da Inês ainda tirou uma foto COM FLASH, estávamos ali a ver a Inês em maus lençóis.

Quando chegamos finalmente à estação de Termini nem queríamos acreditar. Fomos directos ao pequeno-almoço onde se pagava para ir à casa-de-banho, mas era um merecido pagamento, já que no fim de cada pessoa ir à casa-de-banho esta era desinfectada à nossa frente.

Para dor de cabeça de uma minoria, começámos por visitar a bonita igreja de Santa Maria Maggiore, uma das maiores basílicas de Roma e a maior dedicada à Virgem Maria. Uma particularidade desta igreja é que no altar há um relicário com pedaços de madeira que dizem ser do Presépio Santo de Jesus Cristo, segundo alguns espertos deste grupo, provavelmente já estará podre.

A seguir seguimos direcção ao Coliseu: O Rafaello assumiu o comando do mapa e limitamo-nos a segui-lo com toda a confiança. E obviamente lá chegamos sem margem de dúvida. Difícil não foi portanto chegar ao Coliseu, mas entrar no Coliseu, já que o porteiro tão delicado e simpático que era, não nos queria perto da entrada e limitava-se a dizer “ outside please”.

A seguir a esta tão aguarda visita, percorremos o Fórum, espaço que fica junto ao Coliseu e que é enorme. Aqui já se notava algum cansaço … uns com fome, outros com dores de pés,… Para não arrefecer seguimos até ao “ Vittoriano” e quem diria que um monumento com este nome pudesse ser tão interessante. A cena mais caricata vista neste monumento, eram mesmo os polícias que não deixavam ninguém sentar-se nas escadas estavam sempre de apito na boca.

Fomos buscar o nosso emigrante Marco à estação, depois comer um saboro almoço para uns e uma bela de uma pizza com sardinhas enlatadas para outros. Finalmente vimo-nos no Hotel onde todos já pudemos mudar de roupa.

A tarde prometia uma bela caminhada até ao Centro e o tempo estava muito agradável, ao contrário de todas as previsões vistas em dias anteriores. A Praça de Espanha estava cheia de gente, talvez muitos deles turistas como nós. Seguimos até à tão esperada Fonte de Trevi onde todos queríamos mandar uma moeda, por mais castanha que fosse, para podermos lá voltar um dia.

E foi também aqui que se deu um dos momentos mais aguardados da ida à Itália : comer o verdadeiro gelado artesanal ! Tivemos ainda tempo para ir ao Pantheon, belo monumento com a maior cúpula da Europa. Seguiu-se o jantar mais falado e nunca mais esquecido das nossas vidas … Ninguém comenta melhor a situação do que o Fábio, portanto quem quiser saber mais pormenores é dirigir-se ao nosso narrador. Apenas fica registado que cada Coca-cola DE LATA (330ml) custou 6€!!!

Uma bela noite de descanso era já bem merecida e foi isso mesmo que se passou, pelo menos para aqueles que não tiveram a sorte de serem surpreendidos por uma invasão de quarto no mínimo inesperada. Dizem que se a rapariga permanecesse no quarto mais 5 segundos que fossem, a garnizé da Raquel , como genuína “tuga” que é, iria partir de imediato para a agressão física, ou seja, a provavelmente bêbada da rapariga americana iria levar no fossinho. O mais engraçado nesta história foi o pensamento da Fátima; antes de nos deitarmos, o Dumbo tinha dito na brincadeira que ainda ia ao Coliseu, como a Fátima não tinha dado conta dele se ter deitado, quando a rapariga entrou no quarto ela pensou “ O quê?! O Dumbo vem a esta hora e ainda traz companhia?! “ . Seria o Dumbo capaz de tanto ?

Depois de todos termos acordado, e de alguns confimarem que o que se passou de noite não tinha sido um sonho, seguimos entusiasmados em direcção ao Vaticano. Uma fila de metros e metros e metros nos esperava para entrarmos no Museu do Vaticano onde as cenas a recordar foram essencialmente duas: Uma na Capela Sistina onde o homem devia ter engolido um disco riscado e só dizia “ Silence please, no foto, no video”. A segunda foi quando o Raffaelo, a nossa bússola ambulante, não esperou por todos e portanto ficamos totalmente desorientados indo parar a um caminho sem saída, não estávamos perdidos, mas quase.

Eram 12h00 e estávamos muito entusiasmados e empolgados para procurar uma manta estendida numa janela onde o Papa Bento XVI deveria falar e onde atentamente iríamos ouvir a sua mensagem dominical. A verdade é que quando chegamos à Praça de São Pedro já o Papa tinha transmitido a sua mensagem, uns ficaram mais desiludidos que outros, talvez porque fosse esse o grande momento que esperavam desta viagem e que não sabem se poderão voltar a realizá-la, mas todos acreditamos que sim, pelo menos quem atirou a moeda à Fonte de Trevi tem essa certeza mais certa. E quando voltarmos, já sabemos que não podemos confiar no site oficial do Vaticano porque lá dizia que o Papa falava ao 12h30 e que havia várias missas durante o Domingo o que não se verificou . Dizendo isto baixinho não fomos a missa nenhuma, porque não as havia que fique bem claro, porque a nossa intenção não era de todo essa. É assustador perceber como o Vaticano, aquele que deveria ser um dos maiores locais de culto do Mundo, é um local de puro comércio!

Já há tardinha quando voltávamos para o hotel decidimos apanhar de novo um autocarro e deu-se o célebre momento do “ tá tcheio”, o Bilinho além do seu inglês apuradíssimo decidiu que o italiano também não lhe ficava nada mal e impediu assim que mais pessoas entrassem naquilo que deveria ser um autocarro, mas também mais ninguém entrava. Agora acreditamos que Portugal é um cantinho do Céu no que toca a educação, transportes e acolhimento.

Enquanto uns tratavam da ida para o aeroporto, outros ou outras vá, tentavam negociar com os vendedores de rua, mas era pena não haver espaço na mala senão bons negócios seriam feitos com os senhores vindos do Bangladesh. Tínhamos então os bilhetes em mão para o autocarro que nos levaria para o aeroporto.

Dormimos na estação de comboios ou tentamos, onde até fomos abordados por polícias não fosse algum de nós ser clandestino. Quando se fez hora de apanharmos o autocarro para o aeroporto a primeira dificuldade foi tentar encontrar a saída da estação ! Outra foi ver a quantidade de gente que se encontrava na fila, à nossa frente, para apanhar o nosso autocarro ! Já só pensávamos em apanhar um táxi, já nem grandes esperanças havia de conseguirmos apanhar o autocarro que já tínhamos pago. Até que a Inês se lembra de pôr em prática alguma coisa que tenha aprendido com os italianos : furou a fila furou, furou, falou com o motorista e passamos à frente dos outros. Chegamos com grande tempo ao aeroporto, e estávamos bastante tranquilos e satisfeitos por regressar a casa.

Aqui já não houve tanto êxtase, alguns nem se lembram de ter ouvido o avião a levantar voo. Chegados ao Porto, foi hora da oração final, e do agradecimento a todos os que tornaram possível esta actividade. Concluímos assim que nada é impossível, os nossos esforços desafiam as impossibilidades, é preciso que a gente se lembre que as grandes coisas do Homem foram conquistadas a partir daquilo que parecia impossível.

Por fim, com esta actividade que muito exigiu de nós, tendo também a consciência que o empenho de uns foi muito mais evidente que o de outros, poderemos ter a certeza de que :

- Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos apenas pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização dos nossos propósitos colectivos.